Eu, o futebol e os cães...

Quem me conhece sabe que não sigo os acontecimentos futebolísticos, que não tenho clube e que nem os jogos da seleção nacional vejo. De vez em quando, gosto de mandar para o ar uma ou outra piada sobre futebol e até digo coisas acertadas. Quem não me conhece tão bem ou nem me conhece, acredita que percebo do assunto e até tenho clube do qual sou adepto ferrenho, algumas vezes chego mesmo a parecer o chamado “doente da bola”…

A verdade é que não é complicado falar sobre futebol, basta ouvir um ou outro assunto, fixar uns quantos nomes, que podem ser de jogadores ou apenas pessoas ligadas ao futebol, perceber onde esses nomes atuam e depois no momento certo mandar isso para o ar quando alguém estiver a falar de futebol. Nunca falha e é incrível assistir ao desenrolar da situação, o nome ou clube de que falamos pode nem ter nada a ver com a conversa, mas a probabilidade de ser o início de uma nova conversa ou discussão é imensa. Pois os intervenientes vivem o futebol a sério e envolvem-se no tema como se da própria sobrevivência estivessem a tratar.

Podem até experimentar: da próxima vez que alguém estiver a falar sobre futebol, digam o nome de um dirigente ou jogador da equipa que uma das pessoas defende e vejam a evolução… Basta que seja algo do tipo: “Sim, é o fulano X que faz boa figura…” (sempre com um ar sério e muito convicto), depois não é preciso mais nada, o “adversário” concorda com o que dizemos e começam os dois a desenrolar o assunto. De vez em quando, para reforçar o nosso “conhecimento”, basta acrescentar uma ou duas palavras, nada mais do que “pois”, “é isso” ou “nem vale a pena ir por aí”…nunca falha, alimenta o tema e passamos por ser pessoas com um conhecimento muito vasto sobre futebol. A vantagem é que isto se pode usar com qualquer adepto de qualquer clube.

E com os cães?

Com os cães é muito semelhante e a maioria de nós também não percebe que aquela pessoa não sabe “um carago” sobre o tema!

Na maioria das vezes, são apenas pessoas bem intencionadas a falar de um tema que também mexe com emoções. Afinal, são poucos os que não simpatizam minimamente com os cães. É normal essas pessoas, numa conversa sobre cães, darem uma ou outra sugestão e desta vez com as melhores intenções e não como eu no caso do futebol, que só quero ver pessoas a discutir saudavelmente…

Podem até reforçar que um amigo, ou um vizinho que tem cães disse que sempre tiveram cães e faziam desta e daquela forma, ou que tem de ser assim senão… Ou ainda que não há outra alternativa. Contudo, “de boas intenções está o inferno cheio”, e também se aplica um outro ditado que diz que “se os conselhos fossem bons não eram de borla”.

Depois temos alguns profissionais que também gostam de oferecer conselhos que são desajustados e desatualizados. Por isso, se queremos informações atuais, adaptadas ao nosso caso e ao nosso cão, devemos procurar profissionais que se formem e atualizem constantemente. Pois os cães não são uma ciência exata e teorias que há uns 10 anos eram atuais já deixaram de ser.

Voltando ao futebol: cada vez tenho mais dificuldade em ser credível nas minhas bocas sobre o tema, as pessoas já me começam a conhecer e a minha credibilidade sobre o assunto tem vindo a descer. Felizmente, como as pessoas que dão conselhos sobre cães, não preciso do futebol para sobreviver. E, por isso, cada vez menos falo no tema.

Em suma, cabe a cada um de nós criar um filtro e decidir se o que ouvimos tem lógica. Pois não se esqueçam que é o vosso cão e o relacionamento dele com mundo que está em causa.

João Pedro

Educador Canino

Mania dos Cãe

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