E não vale a pena a conversa de “Eu não gosto de pessoas”. Gostas, muito ou pouco gostas de pessoas, são a tua espécie e não
podes desenvolver nem manter-te são, sem contacto com os da tua espécie. A prova é que não te vais isolar no meio do nada para fugir das pessoas.
A segunda pergunta é: “Tocas em tudo o que gostas?”, a resposta é fácil e simples: “Não”.
No entanto, a maioria das pessoas que dizem gostar de cães tem o infeliz hábito de ver um cão na rua e tocar-lhe!
Uma pessoa não toca em outra pessoa sem pedir autorização ou de forma educada, não toca num objeto que pertence a outra pessoa sem lhe pedir e no entanto toca num animal que não conhece de lado nenhum só porque “gosta”.
Gostar não autoriza ninguém a nada muito menos tocar. O toque é algo pessoal, implica entrar na privacidade do outro e os animais, neste caso os cães, também têm direito à sua privacidade, não são deviam ser obrigados a ser tocados
por alguém que “gosta” de cães. Se pedimos autorização para tocar num objeto de alguém mas não pedimos autorização para tocar num cão, estamos simplesmente a tratar o cão abaixo de um objeto!
Primeiro perguntar à pessoa que acompanha o cão se podemos tocar no cão. (Isto muita gente já vai fazendo). Por sua vez quem vai com o cão não tem que aceitar que estranhos toquem no seu cão. Porque é que tem de o fazer? Não tem, o seu cão não é um objeto e muito menos um tapa buracos de ninguém. (Leia-se “buracos” como necessidade de mostrar ao mundo algo e/ou carências).
Esticamos o braço paralelamente ao nosso corpo para que a mão fique ao alcance do cão, NUNCA vamos na direção do cão, isso além de falta de educação é invadir espaço pessoal. Se o cão se aproximar para cheirar significa que está disposto a conhecer-nos, quando gostamos de cães agradecemos e aproveitamos o momento para lhe tocar de lado, (pode ser na zona das costelas) apenas um par de segundos e seguidamente retiramos a mão. Se o cão for ao encontro da mão significa que aceita conhecer-nos e interagir e então podemos tocar-lhe outra vez, sempre de forma calma, não faz falta esfregar o cão todo com intensidade e muito menos aperta-lo ou até
dar-lhe beijos, para muitos cães isso é assustador e pode até ser visto como uma ameaça. Já agora, tocar em cima da cabeça ou dar palmadinhas é desaconselhado, ninguém gosta de receber palmadinhas na cabeça, os cães também não.
E se o cão não for avançar em direcção à mão ou até nem olhar para nós?
Não faz mal, não nos quer conhecer e tem todo o direito, os cães também têm pessoas de quem gostam e outras que não lhes transmitem qualquer tipo de sentimento ou emoção. Devemos respeitar e seguir o nosso caminho.
Gostar de cães é algo bonito e louvável, mas aprender a respeitá-los e a respeitar as suas necessidades e vontades é ainda mais e a melhor forma de lhes demonstrar e agradecer por ainda viverem no nosso mundo a aturar as nossas asneiras é aprender sobre eles e pôr em prática essa aprendizagem. Ao contrário do que muita gente (ainda) diz, a relação com um cão não é nem deve ser uma espécie de guerra ou demonstração de quem é que manda, os cães não querem saber disso para nada, querem apenas sentir-se seguros e confiar nas pessoas que têm ao lado.
João Pedro – Educador Canino
Mania dos Cães – Educação e Treino Canino
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